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sexta-feira, 4 de maio de 2007

QI Vs QE

Ser inteligente permite gerir melhor as suas emoções?
Afinal qual a relação entre inteligência cognitiva e
inteligência emocional?


Eu e a Inteligência Emocional - Mira 03/2007

Sobre as emoções, a minha posição é, tal como a de todos, basicamente empírica. E tendo dúvidas sobre qual a origem das emoções: exterior, racional ou física/biológica, esta última parece ser a mais comum. E mesmo assim este ponto de origem não acontece forma isolado.
Em muitos casos (grande maioria) a nossa capacidade única de ser consciente auxilia à reacção e/ou expressão da emoção em si. Aliás, em última análise, a origem enquanto factor exterior (dor de picar-se num espinho) ou simplesmente racional (insulto voraz), resultam num desencadear de libertação, por exemplo da adrenalina, logo a origem da reacção emocional seria ela também física/biológica.
Depois no campo das emoções há aquelas que são completamente dúbias, dando como origem algo que a razão desconhece, porém cerebrais.
Ultimamente têm sido publicados estudos sobre qual a verdade sobre as emoções. Por exemplo o sentimento de paixão? É físico ou emocional? Vamos mais longe, o amor? É físico ou emocional?

Daniel Goleman e o livro "Inteligência emocional"... ainda não o li (ooops), mas já tive oportunidade de o folhear e tenho um ou dois apontamentos a fazer: É de 1995. Embora bem escrito, estruturado e de fácil leitura, ainda corresponde ao desabrochar da inteligência emocional. Está portanto um pouco fora de época. A ciência, há altura do livro, era muito virgem na área das emoções, de lá para cá já se fizeram estudos e continuam a ser feitos estudos.
Outro ponto a referir é que o livro sugeriu-me ser um pouco de coincidências, como os astros e afins. Isto é, ao ler o leitor identifica-se de imediato com o descrito sugerindo oportunamente que a solução neste caso ou naquele deveria ser assim ou assado. Algo que na maioria dos casos chegamos a essa mesma conclusão depois e tarde demais. Esta minha opinião sugere, então, que o livro tem algo de acertado, mas penso que é por isso mesmo que ele se revela um pouco falacioso.
Atenção, posso estar completamente enganado sobre o livro, recordo que ainda não o li e recomendo, vivamente, a sua leitura (eu vou lê-lo).

Agora sobre a capacidade de gerir ou não as emoções...
Bom, considerando que as emoções são algo de inevitavelmente físicas/biológicas, a nossa capacidade racional sobre elas é praticamente nula. Portanto se dói, dói mesmo, e não é ignorando que a dor passa (recordemos o picar de um espinho). Se há vergonha, é porque há e não é por pensar em evitá-la depois de assumida que deixamos de ruborizar... e finalmente, se alguém soprar ao ouvido umas palavras mais ternurentas, não será a racionalizar a situação que o ritmo cardíaco desacelera. Por outras palavras, não é por conhecer a solução do E8, não é por saber escrever partituras sejam elas de música ou de bits e bytes em C ou outro, nem por saber questionar as questões primárias da vida que algum dia o homem conseguirá gerir melhor ou pior as suas emoções.
A capacidade em controlar ou não as emoções, é na minha opinião, algo que obedece à consciência de cada um. Seria à consciência real de um contexto que em última análise irá influenciar a consequência. A emoção em si. A qual mais tarde pode ser racionalizada.
Gerir emoções não é fácil. Um exercício que proponho é no momento em que se sente ódio, ciúme ou raiva, tentem ter consciência do mesmo e banalizá-lo. É complicado! O que estamos a sentir, já o nosso cérebro reagiu, já temos o "sentimento" a correr pelas veias. Os terminais nervosos já estão alvoraçados. Gerir isto, parece-me ser humanamente impossível, senão estaria a ser hipócrita para comigo mesmo. Gerir o comportamento social sob estas condições é, igualmente, complicado.

Então quando é que as emoções e a inteligência se relacionam?
Depois e tarde demais... ou não. Se de facto soubermos usar a inteligência cognitiva para condicionar o comportamento préviamente (consciencializando-o), mais tarde, a mesma inteligência poderá condicionar as consequências das emoções, porém nunca estas.
Assim, parece-me claro, que indivíduos com uma inteligência acima da média tenham capacidade de gerir as emoções melhor, mas isto depende da sua capacidade de consciencialização. O paradoxo de que isto não se verifica em todos os que sugerem ser intelectualmente superiores diria que, pelo que tenho observado, é que quanto mais inteligente menos se acredita em si (a absorção exterior é maior que a absorção interior). Menos se tem noção do seu eu interior. Ter consciência das emoções, com uma noção errada de si mesmo é o suficiente para que a inteligência não lhe sirva de grande coisa, face a emoções mais cruas.
Mas em suma, sim, um QI elevado devería predispôr alguém a uma melhor capacidade de compreender e gerir as suas emoções...


Fica aqui uma impressão, para reflectir durante o fim de semana... opinem!
Obrigado Sílvia pelo bonito kodak!

13 comentários:

Anónimo disse...

Na minha opinião, sim, a inteligência condiciona muito a parte emocional, mas não só, visto que podem existir inúmeros condicionantes.
Na minha linha de raciocínio, uma pessoa mais inteligente, tem maior capacidade de adaptar a sua racionalidade ao mundo real e às situações, sendo capaz de gerir de forma mais eficaz a sua componente emocional. Já uma pessoa que possua menos conhecimento do seu próprio funcionamento, não conseguirá dar respostas tão eficazesm e provavelmente irá agir mais de forma puramente emocional, por impulsos que nem sempre são racionais.
É esta a minha visão. *

AlfmaniaK disse...

Interessantíssimo. Obrigado!
Mais, sublinho o teu 1º parágrafo, de facto foquei muito a inteligência (racional) Vs Inteligência Emocional omitindo outros condicionantes.
Bjs com um grande QE

Unknown disse...

Ja li sobre isso. Acho que o QI condional o QE e vice versa.

antídoto disse...

Há uma multiplicidade tão grande de factores em cada um de nós (genéticos, cerebrais, educacionais, estórias de vida, personalidades) que é quase impossível obter um parâmetro que sirva de molde a todos.
É um tema interessantíssimo, parabéns.

AlfmaniaK disse...

Mau
Humm... pensei muito, e ainda não estou a ver como é que um condiciona o outro.
Uma pessoa com déficit de QE ou com um QE apurado tem menos ou melhores capacidades de raciocínio, aprendizagem, etc..?
...e vice-versa? Hummm... não encontro relação tão directa assim.

Antídoto
O ser consciente é inato (desde que pessoas saudáveis, claro), a capacidade de consciêncializar tudo o que é hipotético, pode variar de pessoa para pessoa...

...mas em suma, sim, uma pessoa mais inteligente deveria ser mais capaz em gerir as suas consequências emocionais. Ou não?

Anónimo disse...

Hello, descobri-te! E ainda dizem que eu é que publico posts grandes...
Acho interessante e válida a destrinça entre o QI e o QE. Não creio que o 1º implique forçosamente o 2º, como seria de desejar. Faz-nos pensar naqueles génios completamente desprovidos de senso comum e alheios à realidade, e que apesar do seu gabarito são totalmente disfuncionais, embora isto possa ser só uma caricatura. Ou monstros de laboratório, de análise fria e desprovida de sentimentos, que só pensam em controlar o mundo. Às tantas, o Hitler tinha um bruto QI e zero de QE... O ideal é que o QI esteja equilibrado com o QE.
Obviamente um QE sem QI é um poço de emoções onde todos se afogam, a começar pelo próprio.
Belo tema, gostei, linkei-te.

AlfmaniaK disse...

Cigana
Hello! Fui descoberto!
De facto a história dita que o 1º não mexe com o 2º, talvez porque se dê mais importância ao facto de a este ou aquele "louco" ser diagnosticado Asperger ou síndrome-bipolar etc...
A questão que eu defendo é exactamente o equilíbrio saudável entre QI e QE. Será possível? Será que um elevado grau de inteligência poderá ditar a capacidade de gestão das suas emoções? Se houvesse um método de elevado grau de rigor, será que não teriamos bonitas surpresas ácerca de indíviduos como Hitler, Einstein, ou mesmo Pinto da Costa?
Como/Qual seria a relação entre as emoções destes, e a sua inteligência?

Anónimo disse...

Tens aqui um óptimo cantinho...gostei!
Beijinhos.

AlfmaniaK disse...

Obrigado!

(escreve isto no MSN messenger:
:$
é como fiquei depois da tua passagem)
Jokas!

Anónimo disse...

Einstein, admito. Hitler, duvido. Pinto da Costa, fora de questão - só valia nomear pessoas com QI!

AlfmaniaK disse...

Cigana
Há sempre um placebo! Sempre... ;)

Anónimo disse...

Acho interessante que, na relação que fazem entre QI e QE, assumem que uma pessoa mais inteligente terá maior capacidade de gerir as suas emoções e, consequentemente, maior QE. Mas a questão que eu gostava de deixar é: não poderá também acontecer ao contrário? Não no sentido de ter " rocket scientists" que não conseguem lidar com pessoas, mas, por exemplo, uma pessoa inteligente não poderá ser extremamente sensível, mais do que uma pessoa "burra", por ter plena consciência do que se passa à sua volta? E assim, sentir mais o mundo, as acções dos outros e as suas próprias também, exactamente por ter uma maior compreensão da complexidade do mundo e da sociedade?
Quanto à questão do equílibrio QI vs QE, acho que a grande questão é que o QI é sobretudo inato (podendo no entanto ser desenvolvido, ou nem por isso) enquanto que o QE é mais um resultado das experiências de vida, da educação, etc. Como não se controla a inteligência com que se nasce, e as emoções são em grande parte fruto de como aprendemos a viver o mundo e lidar com ele, até que ponto teremos capacidade para procurar esse equilibrio, e se tivermos, não será mais do lado emocional do que do lado da inteligência?

AlfmaniaK disse...

Anónimo
Interessante... porém a consciência exterior não sugere ser suficiente.
Pessoalmente distingo, a nível emocional, uma consciência do que me rodeia e uma consciência do meu organismo, ainda que interina. Isto é: distingo a ideia de um cão a correr para mim a rosnar da ideia do meu ritmo cardíaco acelerar quando tenho medo.
Por outras palavras é a consciência do todo que traduz a emoção ao indivíduo, e não o exterior. O facto de alguém ter uma plenitude consciente do que se passa à sua volta não parece sustentar que a sua sensibilidade e respectiva gestão seja melhor.
Consequentemento pode induzir a uma melhor compreensão das suas emoções, mas não à sua consciêncialização racional. Ou seja, o cão que rosna e corre na direcção de um indivíduo é suficiente para este reagir de forma a proteger-se, mas não lhe indica que tem medo e que o seu organismo prepara-se para se proteger. Depois de acontecido, pode reflectir e recuparar a sensação, porém isto é uma pós consciência... e não pré!
Por pré-consciência considero conseguir colocar-me hipoteticamente em determinada situação e compreender o meu estado emocional, ainda que de forma remota e frágil. Isto só me parece possível se tiver consciência de mim. Se souber/perceber que respiro, porque sinto. Porque sinto a caixa toráxica expandir e contrair.

A segunda questão é uma perspectiva interessantíssima. Se o QE depende da capacidade de aprendizagem, quando esta está condicionada pelo QI, então o equilíbrio está sujeito à atenção dada ao QE.
É caso para questionar, se a procura desse equilíbrio não passa por uma canalização desse QI para a compreensão e assimilação das emoções (enquanto reacções, também, inatas) e assim desenvolver ambos os Q em igual paridade?

Obrigado pelas questões. Volte sempre!