O Eu, o meu Eu e o outro Eu
Sou uma só pessoa. Tal como toda a gente tenho um Eu que, supostamente, é comum em todas as situações. Mas tal não se verifica, dependendo do grupo, do género, da intimidade, do histórico o Eu que me caracteriza parece ser diferente. Poderei definir o diferente como estados de espírito, sendo nuns casos o Eu alegre, o Eu divertido, o Eu conversador, o Eu parvo, o Eu chato, o Eu informático, o Eu, o Eu, o Eu, etc...
Recentemente, num grupo onde prevalece o Eu bem disposto e divertido, verifico que me sinto só. O que sinto não era novo, e coexistia com os vários Eus que identifico, portanto comecei a pensar: Se “sentir-me só” é de facto um estado de espírito, e prevalece sobre os outros, o que são estes últimos senão apenas um reflexo do ambiente em que me encontro? A reflexão levou-me a identificar-me e reconhecer o Eu que há em mim.
Apenas um Eu seria mentira, o normal é dizer-se que há dois... e outros vão mais longe e identificam vários como citei acima. Num processo de simplificação verbal constatei que tenho claramente três Eus. Que coabitam seja em que circunstância for, e com quem quer que seja. Então vejamos a minha identidade, e que qualquer um possui em traços semelhantes:
O Outro Eu
Este será o Eu pelo qual todos avaliam se gostam ou não de mim. É o Eu visto por vocês. Considero que nas relações, este é o Eu pelo qual as pessoas se apaixonam. Ou odeiam.
O Meu Eu
Este é o Eu egoísta. Todos nós somos incondicionalmente egoístas. Da boca para fora podemos ser muita coisa, mas na hora H este é o Eu que manda. Este é o que decide sim ou sopas. É a força interior. O que nos dá pujança e que se está a “cagar” literalmente para o resto.
E finalmente, o Eu
Este é o Eu que nós conhecemos de nós próprios. É este o Eu com que crescemos, vivemos e morremos. Existe num estado oculto, escondemos dos outros este Eu. Alguns lá conseguem vê-lo, diria que esses são as pessoas ditas especiais na vida.
Para distinguir os Eus atribuí-lhes os meus nomes, assim: o Outro Eu é o Afonso que todos conhecem; O Meu Eu será o Ego invejoso, ciumento, e claro está, egoísta; E finalmente o Eu: AlfmaniaK.
Chamo este último de AlfmaniaK porque é com este nome que identifico tudo o que me fez, tudo o que faço porque eu quero. Porque foi assim que cresci e aprendi a pensar, a ver o mundo.
Se me senti só, foi este AlfmaniaK que se sentiu perdido... Ela que, melhor que ninguém, deveria saber lê-lo, saber encontrá-lo, saber falar com ele... abandonou-o. Sinto-me sózinho.
Sou uma pessoa só.
10 comentários:
Olá AlfmaniaK. Gostei imenso deste post e de tantos EU, não sabia que eras tanta gente numa só. Ela não te abandonou, ela está à espera do teu EU que habitualmente és. Não quer dar o braço a torcer quanto a isso. Aprecio o Outro Eu ou o Outro Tu.
Mau_Feitio
Eu sei que ela não me abandonou, mas há uma parte de mim que ela ignora, que ela não quer ver... tu sabes do que falo.
tantos Eu's!? é bom reconheceres-te assim. Sabes olhar no espelho e isso é bom!
Jokinhas
Esta é a tal história do Alter Ego, não é? Todos temos um outro eu, tu tens vários. Acho que tens razão, eu dividia-me pelo menos em 4 Eu's distintos. A questão é termos a sinceridade de reconhecer que não temos uma só cara. E nem todas agradam a toda a gente.
Acho que temos uma só cara, mas essa cara tem várias expressões.
Eu sou uma, e o que me faz ser uma é a junção de várias peças (tipo puzzle).
Pipokka
Obrigado. Isso enche-me o Ego.
Kanoff
Grato pela visita, eliminei o comentário por não ficar bem estéticamente... nada pessoal.
(para os curiosos era uma cena toda bonita a desejar bom fim de semana)
Cigana
Bem... fiquei muito curioso por esses 4 Eus distintos. A sério que não imagino mais do que estes 3. Terás que me contar isso :)
Inês
Identificar a forma das peças é o princípio para se saber fazer o puzzle...
O que somos é o conjunto de todos os "Eus". Quando alguém nos ama, tem que ser com todos esses pedaços de "Eu". Temos coisas boas e coisas menos boas. Porque ninguém é perfeito e porque necessitamos de nos adaptar uns aos outros. Através da aprendizagem que fazemos das pessoas de quem gostamos, aprendemos também a ser tolerantes e aceitar a pessoa como ela é. Mas existem épocas escuras na vida. Felizmente, passam, se ambas as pessoas assim o desejareme para isso lutarem.
Espero que não te sintas tão só agora... mas de facto estes "eus" fragmentados e vistos à lupa são muito interessantes! E por vezes é difícil esconder algum "Eu" em certos momentos e com certas pessoas. Há pessoas que nos adivinham, outras que nos exibem ou escondem e outras mesmo que nos ignoram... mais um desafio: despertar (in)consciências.
Oh Eu que faz anos, Parabens!
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