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sexta-feira, 6 de julho de 2007

Porque confio II

A sinceridade pressupõe a verdade. Mas uma mentira pode ela também ser sincera, e assim, quando é que é mentira, e não é verdade?
Regresso à estáca zero e pergunto-me, depois de tentar perceber porque se mente, afinal o que é uma mentira?
Mentira é uma realidade paralela.

Se considerar que há uma realidade e que esta é a verdade absoluta, a mentira será o paralelo cujo infinito (ponto de convergência) será o mentiroso. Vou fazer isto de forma figurativa:
Imaginemos uma linha de tempo contínua. Imaginemos duas pessoas: Eu e o mentiroso. Ambos estamos na mesma linha de tempo. Esta será a verdade absoluta.
Agora imaginemos um ponto X a meio da linha dada. Neste ponto estou eu e o mentiroso. Será o presente, a linha que está antes é o passado, e a que continua, evidentemente, o futuro.
As mentiras são sempre sobre algo que aconteceu ou que devia ter acontecido, por outras palavras, é sempre sobre o passado, portanto o paralelo é desenhado no passado. Imaginemos uma linha paralela com o passado, e a sua convergência será com o ponto X.
Esta linha de tempo, é para todos os efeitos, uma realidade. A partir do momento em que se mente, obtemos uma linha de tempo falsa, mas nada impede que exista (se não pudesse existir, a mentira não faria sequer sentido).
O mentiroso é o ponto de convergência, só ele tem noção de ambas as linhas de tempo. Eu permaneço na mesma linha de tempo, mas o mentiroso terá que perspectivar ambas as linhas de tempo de modo a sustentar a 2ª parte da linha. O futuro.
Eu estou confortável, o mentiroso não.

Portanto a mentira é uma realidade que não aconteceu, porém realidade.
Se eu omitir alguma coisa, é mentira? sim e não!
Não, porque não criei uma segunda realidade, apenas optei por não expor a minha linha de tempo. Já se alguém perguntar algo em concreto e mesmo assim omitir uma parcela, estou a criar uma segunda linha de tempo, no qual não existe essa parcela, e aqui já é mentira. Em todo o caso, é muito relativo. Convém haver objectividade para determinar se é ou não mentira, e como não pretendo ser entendido no assunto, prefiro optar por é mentira. Talvez porque se suspeito de algo, sou objectivo, pergunto até à exaustão para saber até que ponto a omissão se deve a uma parcela ou a um todo, em si, inocente...

3 comentários:

Cláudia disse...

Isto cheira-me a conversa de mentiroso...eheheheh
Gostei mais desta parte do que da primeira.
E concordo contigo...omitir n é mentir :)
Beijo

Anónimo disse...

A mentira, a mentira, já pensei muito sobre ela, porque convivi muito com ela. A mentira pode também ser piedosa, servir uma acção benemérita. Mas regra geral, e a esmagadora maioria das vezes é usada para fins relacionados com a auto-preservação e o orgulho. A mentira serve o oposto da lealdade. Um mentiroso é um traidor. Mentir é recorrer à falsidade para prevalecer. O mentiroso é egocêntrico, está-se nas tintas para a verdade. A mentira serve o lado obscuro da existência, esconde-se e é traiçoeira. Apanha os inimigos de surpresa, é tenebrosa. Mentira é dissimulação, jogo sujo. No entanto leva vantagem sobre a verdade, porque a verdade é límpida, anuncia-se sempre, é mais previsível. Muito mais haveria para dizer, sobretudo no que respeita à negação, essa talvez mais caustica,
No fundo, quando a razão falha, surge o egocentrismo e a sede pela auto-afirmação, vencer a todo o custo, que se lixe onde está a verdade e se este poderia ser um mundo melhor - desde que eu esteja na crista da onda...

Anónimo disse...

De uma forma geral mentir é tido como mau. Eu não gosto de mentir. Eu não sei sequer mentir. Mas...e quando a mentira é necessária? Será que é assim tão mau mentir?
Ontem dizia uma rubrica no Jornal da Noite na Sic sobre as mentiras das crianças, que devemos preocupar-nos quando as crianças mentem compulsivamente ou quando não mentem de todo. A mentira, como tudo na vida, com moderação, pode até ser saudável ;)