Homem, esse pequeno caos!
Um é pouco, dois é bom... três é demais.
Três... três... tudo é trio.
A engenharia propõe o triângulo como uma forma geométrica perfeita. A física descodifica o universo com leis: recorrendo ao reducionismo, três. A teologia cristã trinitária apresenta o uno em três.
Triângulo. Três. Vértices.
A Natureza obedece a regras que, a seu tempo, vão sendo definidas pelo homem. Elas já existem, porém o homem as definirá. Pressupostos? Falsos silogismos? Talvez... ainda assim, constituem a base do nosso entendimento.
O homem, tal como o observo, possui os seus triângulos. Os seus trinómios. Pai, mãe, filho. Avô, pai, filho. Desejo, vontade, acção. Fome, ar, vida. Suor, sangue, lágrimas. Inteligência, consciência, voz. (etc.)
De todas as formas em que três vértices são cúmplices, há uma que ao homem parece não aplicar-se. Não funciona... Simplesmente não funciona.
Egoísmo, inveja, ódio.
Este é um dos poucos conjuntos que me faz confusão, porque resume-se a três eus muito íntimos. Qualquer observação sobre relações, cujo triângulo, contenha um vértice deste trinómio, sumariamente, não funciona. E nestes casos a máxima “três é demais” faz todo o sentido, porém vai contra as leis da Natureza… onde o triângulo devia ser harmonioso.
O homem é conflituoso, não consegue, não pode ser harmonioso. Seria contra a sua natureza, tão peculiar que é!
Recordando a minha impressão sobre os meus Eus e como os identifico, o meu eu é egoísta, o outro eu é o invejoso, e, finalmente, o eu: O eu, que cada um reconhece em si, e não menos voltado para o seu umbigo. Assim, observo que os triângulos humanos, são formas de manifesta expressão egoísta:
Tu, ele, eu. Amor, amizade, eu. Eu, eu, eu!
Parece que o homem não se aguenta a si próprio. Excede-se em inconsciência.
Tudo gira à nossa volta. Somos a antítese da arquitectura que a física tenta decompor matematicamente. Somos o desequilíbrio voluntário da Natureza.
E porque escrevo sobre isto? Muito simplesmente porque fascina-me a forma como lidamos com o excesso de nós próprios. Precisamos de sofrer para ter consciência de que somos felizes, e acho curioso como a nossa forma “natural” de sofrer depende do excesso que levamos de nós próprios.
Mais interessante é a “fé”, ferramenta minuciosa, concebida para controlar e enfatizar os excessos de nós próprios. Somos pecadores e, lá está, inconscientes! A beleza do Homem está exactamente naquilo a que chamamos religião!
Recordando o início, sobre triângulos e a sua harmonia, coerentemente devíamos ser adeptos do equilíbrio gratuito que os triângulos das relações nos proporcionam, porém não conseguimos. Uns chamam-lhe ciúme, outros é espírito competitivo, outros dizem ser egocentrismo, etc. e tal… Em suma somos uns egoístas de primeira e defendemos a partilha, a igualdade e a paridade. Fascinante.
Não sei se ficar contente, ou não, por ser assim… mas concluo que o homem é um verdadeiro caos! Se as leis da física fossem decididas pelo homem, agora, ser-me-ia impossível dissertar sobre isto pois o triângulo não existiria, uma vez que… um é pouco, dois é bom e três… é demais, porém perfeito!
Obrigado All Mighty God!
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